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Inovação

CNPEM começa a formar nova geração de cientistas do país

Com o objetivo de fomentar o desenvolvimento pela ciência no país e aumentar a inclusão na área, escola superior de ciência inicia com um único curso de três anos, em contexto de fuga de cérebros

Publicado em 22/02/2022

por Mayara Figueiredo

Ilum-Laboratório-de-Microscopia-Ótica_foto divulgacao Inciativa contou com o aporte de R$30 milhões

Sem fins lucrativos, curso de tempo integral com moradia e alimentação inclusa. É com essa proposta que surge a Ilum, escola superior de ciência, em Campinas-SP, mantida pelo CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), que por sua vez é administrado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Este imenso hub de pesquisa, que abriga diversos laboratórios à disposição de toda a comunidade científica, agora também será um celeiro para os futuros novos cientistas do país.

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Com 40 vagas, a concorrência foi de 25 candidatos para cada uma e a única cota estabelecida por enquanto, é de ter ao menos 50% dos alunos vindos de escola pública. Estes acabaram sendo 72%, enquanto 45% foram mulheres.  A seleção seguiu critérios diferentes do vestibular comum e considerou somente a nota do Enem, além da manifestação de interesse no estudo de ciência e submissão à entrevistas individuais. O processo está agora nesta última etapa para formar a primeira turma que terá imersão nos laboratórios do CNPEM desde o primeiro dia, contando com alimentação e moradia gratuitas.

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Laboratório de Microscopia Ótica na Ilum. Foto: divulgação

Para a iniciativa o MCTI liberou, para o período de 2018 a 2021, algo na ordem de R$30 milhões, segundo o professor Adalberto Fazzio, diretor da Ilum. O aporte chama a atenção ao observar a chamada “fuga de cérebros”, uma espécie de diáspora de pesquisadores que se intensificou no Brasil dos últimos anos, dada a falta de investimentos no setor. O fenômeno tem sido amplamente discutido, mas não conta com estatísticas oficiais.

A formação

O único curso oferecido pela Ilum é de bacharel em ciências, com duração de três anos em período integral, uma vez que o objetivo é dar celeridade na formação de novos pesquisadores e cientistas. De caráter multidisciplinar, o curso teve aprovação máxima do MEC e possui foco em ciência de dados, inteligência artificial (IA) e marchine learning com formação básica em matemática, mas entrelaçando conceitos da física, química e biologia, propiciando que o futuro cientista transite facilmente por essas áreas e já saia preparado para seguir direto em pesquisa e doutorado, sem que antes precise passar por uma pós ou mestrado. Além disso, ele terá outras opções de carreira como criar sua própria startup de ciência e tecnologia, trabalhar em laboratórios e outras, como explica o diretor.

“Sem ciência não tem país desenvolvido”

“Diferente das outras instituições ligadas ao MCTI, que oferecem cursos de pós-graduação, nós pensamos em atuar um pouco mais na raiz. Então queremos dar aos jovens saindo do ensino médio, uma formação rápida, mais ligada ao momento e pensando no futuro com temas interdisciplinares”, conta.  A sede da Ilum, assim como os quartos alugados para os estudantes morarem, ficam a 150 metros da PUC-Campinas, enquanto estruturam o campus dentro do CNPEM. As aulas começarão em março e enquanto isso, os alunos terão que se deslocar da sede para os laboratórios.

Fé na ciência

Diferente dos dados evidenciados no último Censo do Ensino Superior do Inep, que mostram que na rede pública os corpo docente tem maioria de doutores, ao passo que nas instituições privadas são mestres, todos os professores da Ilum são pós-doutores com currículos que passam pelas Universidades de Singapura, na Malásia, de Delaware e Califórnia, nos EUA, e até uma indicação a um prêmio Nobel. Todos os critérios da instituição visam a rápida formação de novos cientistas, com a melhor estrutura e qualidade possíveis, no objetivo de corrigir a defasagem por mão-de-obra na área que começa a ser sentida agora.

“Sem ciência não tem país desenvolvido. Se alguém me der um exemplo do contrário, eu paro de fazer ciência. Precisamos acreditar nela, o que não significa que eu não possa gostar também de artes ou praticar uma religião; cada coisa em seu lugar e nós não abrimos mão disso aqui”, conclui o Fazzio.

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Autor

Mayara Figueiredo


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